27 Nov 2018 06:18
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<p>No tempo em que espero a hora de dirigir-se para a casa de uma de minhas irmãs para a ceia de Natal, me invade aquele espírito, natalino ou não - acho que fui mais espantado na experiência que tive de manhã. Um fedelho me interpelou na rodovia para comprar panos de chão e panos de prato que, segundo ele, feitos por tua mãe.</p>
<p>O fedelho tinha o rosto totalmente deformado pelo fogo, deste jeito com seus braços e mãos, transformando-o em uma figura incrível. Porém, ao olhar em seus olhos não vi nenhuma sombra de ressentimento, auto-piedade, raiva. Vi alguém tranqüila, que tranquilamente tentava realizar um serviço sem apelações. Hoje à tarde, ao fazer minha fisioterapia, fiquei pensando nele e viajando. Tomado por este espírito, fui buscar qualquer coisa no passado para botar nesse lugar no Blog para fazer companhia aos meus leitores nessa noite. Descobri, no entanto nada a visualizar com Natal, nada a ver com o que vivenciei à tarde.</p>
<p>Qualquer coisa a ver de perto com lindeza, talento, aptidão, graciosidade, história do nosso tênis, desperdício, o que poderia ter sido e nunca foi, uma pitada de espiritualismo e morte. O texto é de 2002, assim como perto do Natal. Apesar de neste momento ter ouvido esparsos comentários a respeito do caso da minha aura e a minha claridade serem fortes e bonitas, nunca fui muito de crer que eu tinha qualquer tipo de conexão especial com o invisível e o inexplicável. Isso até imaginar com o “vovô” durante toda noite da última sexta-feira.</p>
<p>No caso, nenhum dos meus avôs, mas sim o ex-tenista Ronald Barnes, carioca da gema mais famoso por este codinome desde jovem. Como muito ocorre, certos personagens ficam em nossa memória mais por idealizações e fatos enevoados do que por razões concretas e dados precisos. Barnes foi o tenista mais seleto que agora vi numa quadra de tênis. Figura digna de um lord. Um dandi de shorts e camisa brancas com uma coroa de louros no peito. Os cabelos lisos eram penteados pra trás, seguros por alguma brilhantina da data, desfecho dos anos cinquenta e início dos sessenta.</p>
<p>Teu andar era marcante e contrário de cada outro que conheci. No término de seus passos, ao ir para trás, os pés se levantavam mais do que o normal, dando um ritmo e uma cadência distintos. Agora vi outros tenistas do Country, usual clube de Ipanema, imitando-o, todavia nunca parecido ao original.</p>
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<li>Blogs que estão rankeando pra tua palavra chave (porém não os três primeiros)</li>
<li>4- Observação da Concorrência da Futura Loja de Roupas</li>
<li>Gerenciamento de Banners</li>
<li>Veículos voadores não serão só pra ricos, diz presidente do Uber</li>
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<p>A elegância não se restringia à sua figura. O seu tênis era gracioso, nobre. Mais apurado do que cada outro que de imediato tive chance de ver de perto e, seguramente, mais jeitoso. Nos dias de hoje, o suíço Roger Federer me lembra teu modo. A raquete Dunlop Maxply de madeira parecia uma batuta em tuas mãos regida por um maestro sabedor de sua técnica. Vovô era um talento impar que fazia o tênis parecer tão descomplicado quanto percorrer para frente.</p>
<p>Não era muito alto, devia ter alguma coisa cerca de 1.76m, mas pela quadra se agigantava. Bateu, sem exceção, os melhores de tua época. Era temido, em quadra, por todos, conhecedores de seu talento. A primeira vez, eu era ainda bem piá, que vi sua esquerda, pirei. Batida “flat”, com uma leve cobertura de “top spin”, era poesia pura. Seus voleios eram de uma estirpe não mais vistas em quadras de tênis.</p>
<p>A direita não era a melhor do mundo, nem ao menos tão agressiva quanto as atuais - porém aquela esquerda.. Mais de uma vez me ofereci pra ser juiz de linha em seus jogos só pra vê-la de perto. Penso os erros que cometi durante o tempo que me concentrava nela. Barnes, que assimilou seu esporte nas quadras de saibro de Ipanema, descreveu teu vasto talento bem jovem, vencendo o Orange Bowl em Miami Beach, dessa forma o equivalente ao campeonato mundial juvenil. Como adulto chegou às semifinais do Aberto dos EUA, desta maneira jogado nas quadras de grama de Forest Hills, ao lado de N. York. Teve outros excelentes resultados em sua carreira e defendeu o Brasil na Taça Davis em várias ocasiões.</p>